quinta-feira, 18 de outubro de 2007

A POBREZA AUMENTA EM PORTUGAL

O Presidente da República afirmou hoje que os últimos números sobre a pobreza, que colocaram Portugal entre os mais pobres da União Europeia, são motivo de vergonha e defendeu que sozinho, o Estado não consegue melhorar a situação, noticia a Lusa.

«Envergonho-me um pouco desta posição», afirmou Cavaco Silva na inauguração do Banco de Bens Doados, na Quinta do Cabrinha, uma nova instituição de apoio social, referindo-se à posição de Portugal na lista dos «10 países em maior risco de pobreza» na União Europeia e ao nível de «desigualdade na distribuição de rendimentos» referidos nos últimos números do Instituto Nacional de Estatística (INE).

«Estou convencido que o Estado só por si não consegue resolver estes problemas», acrescentou o chefe de Estado, afirmando que é preciso que «os cidadãos se organizem, trazendo ao de cima a sua consciência social» para combater a pobreza.

O combate ao abandono escolar e a promoção do emprego para criar condições que permitam fugir à pobreza são também partes da solução apontadas por Cavaco Silva, que falava aos jornalistas quando foi confrontado com um protesto inusitado de um duo de humoristas.

Enquanto o Presidente falava aos jornalistas, um burburinho entre os jovens do bairro da Quinta do Cabrinha foi crescendo até se tornar ensurdecedor, ajudado pelo megafone e pela guitarra dos «Homens na luta», do programa «Vai Tudo Abaixo!», da SIC Radical.

Surpreendido, Cavaco ainda se dirigiu sorridente para o centro da agitação, mas os homens da segurança e da polícia, a princípio baralhados, estabeleceram uma barreira entre o Presidente e os humoristas, acabando por conduzi-lo rapidamente para o seu automóvel.

«Esta gente não quer continuar a ser ostracizada!», gritava um dos «Homens na Luta», que passado um minuto de confusão e concluída a rábula, se retiraram tão depressa quanto tinham aparecido no bairro social que recebeu Cavaco com palmas.

A responsável do Banco, Isabel Jonet, afirmou que o material recolhido será distribuído pelas instituições de acordo com a actividade que desempenham e o tipo de população que ajudam, com a ajuda de um programa informático desenvolvido para o efeito.

O Banco, que não recebe artigos em segunda mão, só novos, terá também uma oficina de marcenaria e informática. Receberá ainda equipamentos electrónicos e eléctricos, aproveitando os que ainda podem ter uso e encaminhando os restantes para reciclagem.
Cavaco Silva considerou a iniciativa um «bom exemplo do envolvimento cívico para a inclusão social».