sexta-feira, 1 de maio de 2015

ESTAÇÃO DE SANTA APOLÓNIA FAZ 150 ANOS

A Estação de Santa Apolónia, em Lisboa, a primeira estação de comboios portuguesa, completa na sexta-feira 150 anos e é hoje ponto de partida e de chegada de cerca de 150 comboios por dia, segundo dados da Refer.

Desta estação, inaugurada a 01 de Maio de 1865, no reinado de D. Luís I, “partem diariamente 75 comboios da CP (Alfa Pendular, Intercidades, Inter-regional, Regional e Urbanos) e chegam outros tantos”, realça a Rede Ferroviária Nacional (Refer), numa nota enviada à agência Lusa.

É também na Estação de Santa Apolónia que têm início e fim os comboios internacionais Sud Expresso (ligação a Paris) e Lusitânia (ligação a Madrid).

Segundo dados da Refer, o fluxo médio mensal em Santa Apolónia era de 236.449 passageiros em 2013, um número inferior ao registado em 2007, quando recebia, em média, 374.873 passageiros por mês.

O projecto para a construção de uma estação entre a Praia dos Algarves e a Rua Direita do Cais dos Soldados, aproveitando o antigo Convento de Santa Apolónia, para servir a ligação por caminho-de-ferro de Lisboa ao norte do país e a Espanha e França, foi aprovado em 1862.

Em 1856 tinha-se realizado a primeira viagem de comboio em Portugal, entre Lisboa (a partir de um cais improvisado perto da actual estação) e o Carregado, e havia projectos do ministro Fontes Pereira de Melo para expandir o caminho-de-ferro pelo país.

A autoria do projecto original da Estação do Caes dos Soldados, como então se lhe chamou, coube ao Engenheiro Angel Arribas Ugarte, ao Engenheiro Diretor João Evangelista Abreu e ao Engenheiro Chefe Lecrenier.

A construção coube à empresa do engenheiro francês C.A. Oppermann, director da publicação de engenharia “Nouvelles Annales de la Construction”, e foi dirigida pelo engenheiro Agnés, tendo as diferentes partes que compõem o edifício sido subcontratadas a diversos construtores.

Custou na altura 255.164$000 réis, o equivalente a pouco mais de 255 escudos (1,27 euros).

O edifício, encomendado pela Companhia Real dos Caminhos de Ferro Portugueses, tinha “cocheira para 22 carruagens”, salas de espera de 1.ª, 2.ª e 3.ª classes, e salas do chefe de estação, “dos botequins e casa de pasto”, além de ser iluminado por 143 candeeiros a gás, de acordo com uma descrição no “Archivo Pittoresco Semanario Illustrado”, publicação lisboeta da época.

A estação - que é um lugar central no fim trágico do romance Os Maias, de Eça de Queirós - foi sofrendo alterações ao longo dos tempos. “Ao edifício foi acrescentado um andar superior e construída a avenida Infante D. Henrique. Foram criados parques de estacionamento para automóveis particulares, táxis e paragens de eléctricos. (…) Os cais de embarque foram prolongados e alargados, procedeu-se à iluminação de toda a gare, dotou-se o edifício com o serviço de bar, salas de espera, depósito de volumes, vendas de jornais e um sistema de informação ao público”, destacou a Refer.

A partir de 1998 sofreu com a concorrência da nova Estação do Oriente, construída por ocasião da Expo'98, e a 19 de Dezembro de 2007 ganhou uma nova ligação à cidade de Lisboa, com a inauguração da interface com o Metropolitano da capital. (sapo)