segunda-feira, 5 de maio de 2008

DIZ NÃO AO ACORDO ORTOGRÁFICO

Subscrevem o documento Ana Isabel Buescu, António Emiliano, António Lobo Xavier, Eduardo Lourenço, Helena Buescu, Jorge Morais Barbosa, José Pacheco Pereira, José da Silva Peneda, Laura Bulger, Luís Fagundes Duarte, Maria Alzira Seixo, Mário Cláudio, Miguel Veiga, Paulo Teixeira Pinto, Raul Miguel Rosado Fernandes, Vasco Graça Moura, Vítor Manuel Aguiar e Silva, Vitorino Barbosa de Magalhães Godinho e Zita Seabra.

A este grupo, segundo o comunicado, juntou-se entretanto o poeta e documento Manuel Alegre.
Por se terem reunido os «requisitos legais mínimos», os promotores vão agora solicitar a discussão do documento, dirigido aos Presidentes da República e da Assembleia República e ao Primeiro-Ministro, aos quais será «oportunamente entregue».

O Manifesto, diz o comunicado, «pretende contribuir com um poderoso movimento de reflexão, apoiado pela opinião pública, sobre os defeitos do Acordo Ortográfico e a necessidade de o bloquear».

Com «inúmeras imprecisões, erros e ambiguidades», «mal concebida»,«desconchavada», «sem critério de rigor»,«desnecessária»e «perniciosa», além de ter «custos financeiros não calculados» é como os signatários vêem a projectada reforma ortográfica, que a Assembleia da República vai discutir e votar no dia 15.

Lamenta-se no Manifesto que «pareceres científicos e técnicos» como, por exemplo, o de Óscar Lopes não tivessem sido tomados em consideração e que se avance «atabalhoadamente sem consultar escritores, cientistas, historiadores e organizações de criação cultural e investigação científica».

Ao Ministério da Educação, os peticionários instam a «assumir uma posição clara de respeito pelas correntes de pensamento que representam a continuidade de um património de tanto valor e para ele contribuam com o progresso da língua dentro dos padrões da lógica, da instrumentalidade e do bom gosto».

«Recusamos» - declara-se no final do Manifesto -«deixar-nos enredar em jogos de interesses, que nada leva a crer de proveito para a língua portuguesa. Para o desenvolvimento civilizacional por que os nossos povos anseiam é imperativa a formação de ampla base cultural (e não apenas a erradicação do analfabetismo), solidamente assente na herança que nos coube e construída segundo as linhas mestras do pensamento científico e dos valores da cidadania»

O Acordo Ortográfico, que visa unificar a escrita do português, foi alcançado em finais de 1990 e deveria ter entrado em vigor em 1994 mas apenas três dos Estados membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa - Brasil, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe - aprovaram quer o acordo quer os dois protocolos modificativos entretanto estabelecidos entre os países da Comunidade de Países de Língua Portuguesa.

O segundo desses protocolos, de 2004, prevê que é suficiente a ratificação do texto por três países para que o mesmo entre em vigor. Lusa/SOL

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