domingo, 11 de maio de 2008

Berlim, 02 de Maio de 1945: "O último canto do diabo"

No final de Março de 1945, cerca de mil sobreviventes da Divisão Charlemagne das Waffen SS estão agrupados perto de Neustrelitz. Aí, o Brigadefuhrer Gustav Krukenberg recebe ordens para reunir um batalhão e dirigir-se para Berlim, onde se desenrolará o acto final da História do III Reich. Pede, então, por voluntários, dispensando do combate todos os que não querem mais bater-se. Todos ali sabem que a guerra está já perdida e que não estão a decidir mais do que o quadro da sua morte. Cerca de 300 homens acabam por seguir para Berlim nos 9 camiões conseguidos por Krukenberg.


Antes de chegarem a Berlim a marcha dos veículos onde seguem é travada por uma ponte destruída por uma milícia popular que os tomara por soldados soviéticos. Seguem a pé, completamente exaustos, movidos por um único pensamento: chegar a Berlim! São a última unidade a conseguir entrar na cidade antes que as tropas soviéticas a cerquem por completo, fechando-a.

Entram em Berlim nos últimos dias de Abril e aí são anexados aos voluntários da Divisão Nordland (escandinavos, sobretudo), que fica sob o comando directo de Krukenberg. O comando da Divisão Charlemagne pertence a Henri Fenet. Tem, então, apenas 25 anos, mas é já um oficial várias vezes condecorado pela sua bravura em cenário de guerra.

Na infernal Batalha de Berlim os voluntários da Charlemagne, ainda que mal armados, fazem prova de notável heroísmo e determinação, abatendo mais de 60 tanques soviéticos. A hora da queda de Berlim encontra os últimos sobreviventes franceses entrincheirados no edifício do Escritório Central de Segurança do Reich, preparando-se para uma derradeira batalha, esta transformada numa questão de Honra, a única em que, ali, podem sair vitoriosos: impedir que os soviéticos possam juntar às celebrações do seu propagandístico 1 de Maio a capitulação de Berlim. Afinal, até nas guerras perdidas há batalhas por travar…Lutam furiosamente até à última munição e, juntamente com o que resta das outras divisões de voluntários europeus, das tropas regulares alemãs e dos rapazes da Juventude Hitleriana, aguentam Berlim durante aquele dia mais.

Quando chega a manhã de 2 de Maio as ruas de Berlim estão já completamente tomadas pelos Russos, cujos tanques e soldados circulam à vontade. Os sobreviventes da Charlemagne, cerca de 30 – 10% dos que ali haviam chegado uma semana antes – são capturados nesse dia, que será também o da rendição da cidade. A 2 e não a 1, como pretendia o Kremlin!

Henri Fenet, que pouco antes da capitulação havia sido, uma vez mais, condecorado – juntamente com dois outros camaradas – pela sua bravura e capacidade de liderança durante aquela semana dantesca, está seriamente ferido e é, por isso, afastado dos seus homens e conduzido a um hospital antes de ser levado para os campos de prisioneiros.

“ Nesta chama os nossos antepassados viam antes a imagem do Sol Invicto. Para nós, homens das Waffen SS, a luz não poderia extinguir-se. Nós sabemos que a noite e a morte chegam. Mas sabemos também que o Sol regressará. Acreditamos que a vida renascerá” (Henri Fenet).

Diz a lenda que os restantes voluntários da Divisão Charlemagne, ou, mais apropriadamente, o que dela sobrou, saem de Berlim para os anos de cativeiro, de que muitos não regressarão, cantando, uma última vez, o Canto do Diabo:


“SS marchemos rumo ao inimigo

Cantando o Canto do Diabo,

Porque no coração dos destemidos

Sopra um vento formidável.

A sorte sobe alto, desce baixo,

Que nos dê o mundo inteiro:

Convidá-los-emos ao sabbat

E rimos com prazer.

Por onde passamos,que tudo trema,

E o Diabo ri connosco:

HA,HA,HA,HA,HA,HA,HA!

A chama permanece pura

E a nossa palavra chama-se fidelidade!”