O Ministério Público tomou conhecimento das ameaças dos Skins à procuradora do DIAP de Lisboa, Cândida Vilar, e «vai tomar as medidas adequadas» para garantir a segurança da magistrada, garantiu este domingo ao PortugalDiário, a procuradora-geral adjunta Maria José Morgado, que coordena aquele Departamento de Investigação e Acção Penal.
O líder do movimento skinhead em Portugal, Mário Machado, actualmente em prisão preventiva, escreveu uma carta aberta, divulgada na internet, onde apela a todos os seguidores da extrema-direita para que «não esqueçam» o nome da procuradora Cândida Vilar, responsável pela acusação de 36 skinheads, a 14 de Setembro. A notícia é avançada pelo Correio da Manhã na edição deste domingo.
Mário Machado, Portuguese Hammerskins, está detido desde Abril após uma mega-operação da PJ que culminou na apreensão de dezenas de armas proibidas e propaganda nazi.
Com a entrada em vigor do novo Código de Processo Penal, Machado esperava ser libertado por excesso de prisão preventiva, mas a acusação deduzida no prazo limite impediu que medida de coacção fosse revogada.
Uma actuação da justiça que revoltou o líder dos skins, que agora retalia numa carta em que apela a todos os nacionalistas para que não esqueçam o nome de Cândida Vilar, dizendo estar disposto a dar o seu sangue.
«As ideias são como os tratados: pouco vale firmá-las com a nossa tinta quando não somos capazes de confirmá-las com uma gota do nosso sangue», escreve na missiva, citando Ramalho Ortigão, e acrescenta: «Eu estou a dar o meu sangue, espero que todos vós possam fazer o mesmo».
«O clima político é propício a ameaças»
«Não é a primeira vez» que um magistrado sofre ameaças, mas as situações sucedem-se nos últimos tempos, facto a que não será alheio «o clima político propício a essas ameaças», afirmou em declarações ao PortugalDiário o presidente do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público, António Cluny, esclarecendo que «não há uma forte solidariedade institucional, nem se tem visto uma atitude afirmativa do poder político em defesa dos magistrados».
«Temos que as coisas se possam agravar», confessou ainda o magistrado, que preconiza «medidas de dois tipos: em primeiro lugar é preciso protecção e defesa dos magistrados; depois é necessário que o poder político afirme a inadmissibilidade destas situações».
Lembrando que no dia 15 de Setembro foram soltos 115 reclusos, entre os quais «assassinos, pedófilos e violadores», Machado, que cumpriu pena pelo homicídio de Alcino Monteiro, em 1995, no Bairro Alto, e foi agora acusado de 17 crimes, diz-se um «preso político» e acusa a procuradora de vingança: «Os nacionalistas jamais se deverão esquecer deste nome, pois esta senhora foi a responsável, e não a PJ (apesar de tudo), pela maior perseguição política dos últimos trinta anos».
Skins conhecem pormenores da privada da procuradora
Para lá das ameaças que estão em escritos inseridos em blogues, segundo o «Correio da Manhã», foram apuradas outras informações sensíveis. Alguns dos elementos do grupo skin conheciam factos da vida privada e familiar da procuradora, incluindo datas e destinos de viagens de férias. A agressividade dos comentários, associados ao perfil violento de alguns arguidos são apontados como razões suficientes para que lhe seja atribuída segurança.
A procuradora escusa-se a falar sobre a questão e, segundo o «Correio da Manhã» ainda não apresentou qualquer participação formal mas o caso tem vindo a ser acompanhado pela hierarquia do Ministério Público.
A carta aberta de Mário Machado, divulgada na internet, é acompanhada de uma imagem com as cores preto e vermelho, onde se lê «Dra. Cândida Vilar ¿ Procuradora Inquisidora» e é intitulada «o diabo em forma de mulher: jamais se deverão esquecer deste nome».
Fonte:Portugal Diário.
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