sexta-feira, 24 de agosto de 2007

Euribor volta a níveis de 2000


A Euribor continua em ritmo acelerado de subida, penalizando as famílias que têm empréstimos à habitação. A Euribor a três e a seis meses rompeu ontem a barreira dos 4,7 por cento, patamar que já tinha sido ultrapassado pelo indicador a 12 meses, voltando assim a níveis de 2000 e deixando-a bem longe dos mínimos de 2,2 por cento de 2005.
A subida do preço do dinheiro no mercado interbancário está associada à instabilidade que se vive nos mercados, mas a escalada de ontem também se explica pela indicação do Banco Central Europeu de que vai manter a política de "forte vigilância" sobre a inflação, o que deixa antever uma subida de 0,25 por cento, para os 4,25 por cento, da sua taxa directora, no início de Setembro.

A subida da Euribor vai agravar a média do mês de Agosto, que servirá de base para quem contratar novos empréstimos e para todas as operações anteriores cuja revisão periódica ocorra durante o mês de Setembro. O impacto da subida dos juros nos últimos dois anos é muito significativo e está a deixar um número cada vez maior de famílias em dificuldades.

Tendo por base uma simulação feita pela Deco/Proteste para o PÚBLICO, um empréstimo de 100 mil euros a 25 anos, contratado em 23 de Agosto de 2005, utilizando a Euribor a seis meses e um spread (margem do banco) de 0,7 por cento, implicava o pagamento de uma prestação mensal de 466,55 euros. Um ano depois, o mesmo empréstimo tinha um custo mensal de 535,26 euros. E se for feito ao valor de ontem da Euribor a seis meses já sobe para 610,93 euros, mais 144 euros no espaço de apenas dois dois anos.

Com a subida dos juros, muitas são as famílias que procuram renegociar com a banca as condições do seu empréstimo, o que pode ser feito através da redução do spread, mas também pelo alargamento do prazo e criação de períodos de carência de capital (só há pagamento de juros num determinado tempo) ou diferimento de capital, que consiste no pagamento de um determinado montante no final do empréstimo.

O número de pessoas sobreendividadas (no limite de cumprimento dos empréstimos ou mesmo em incumprimento) que têm recorrido aos dois gabinetes de apoio criados para esse efeito tem crescido significativamente. O Gabinete da Deco já abriu, este ano, 636 processos de apoio a sobreendividados, aproximando-se rapidamente dos 905 que tratou no ano passado. O Gabinete de Orientação ao Endividamento dos Consumidores (GOEC) recebeu, até Julho, 680 pedidos. Na base destes processos estão pessoas com mais de dois créditos (crédito à habitação e consumo), sendo muito frequente o recursos a créditos rápidos e com altas taxas de juro para tentar fazer face aos encargos com o empréstimo para habitação, o que acaba por desequilibrar irremediavelmente o orçamento familiar.
Fonte:Publico