segunda-feira, 2 de julho de 2007

Breve história da Sociedade Geral


Sociedade Geral de Industrial Comércio e Transportes

A fundação da Sociedade Geral está directamente ligada à CUF criada pelo grande industrial que foi Alfredo da Silva.

A necessidade de movimentação dos produtos fabricados pela CUF, bem como o seu abastecimento de matérias-primas, levou Alfredo da Silva a fundar a Sociedade Geral, em 15 de Julho de 1919, com o capital de 2 mil contos, a qual principiou as operações comerciais no Barreiro com uma pequena frota fluvial e costeira, transferida da CUF, destacando-se desta o vapor “Lisboa”.

No entanto, só em 1922 é que a Sociedade Geral iniciou praticamente a sua actividade no domínio dos transportes marítimos, adquirindo assim em Inglaterra navios, num total de cerca de 18.600 toneladas.

O primeiro serviço regular efectuado pela S.G. foi o do transporte de pirites do Pomarão para Lisboa, em navios costeiros. Neste transporte exclusivamente para a CUF, em serviço “pendular”, os navios transportavam adubos para o sul de Portugal Continental, escalando os portos de Sines, Lagos, Faro, Tavira e Vila Real de Sto. António e subindo pelo Guadiana até Alcoutim, donde regressavam com pirites.

Quase na mesma altura iniciou-se o transporte de oleaginosas da Guiné para Lisboa, com escala pelas ilhas de Cabo Verde, no que foram empregados barcos que pelo seu pequeno porte, poderiam chegar aos locais de carga interior da Guiné. O primeiro navio a ser utilizado neste serviço foi o “Silva Gouveia”.

Em serviço regular começou simultaneamente o transporte de fosfatos do Norte de África para Portugal Continental, com a utilização de navios costeiros e de porte médio.

Em 1924, 1925 prossegue o desenvolvimento da S.G. com o aumento da sua frota, adquirindo-se aos Transportes Marítimos do Estado, unidades no total de 67.500 toneladas.

Em 1925, iniciou a S.G. o tráfego internacional com o transporte de carga geral para Montevideu e Buenos Aires, levando também algumas viagens carga para Baía e Santos. No regresso faziam geralmente carregamentos de cereais, linhaças e madeira de quebracho para o Norte da Europa, registando-se com alguma frequência cargas parciais de trigo para as Ilhas Adjacentes. Era ainda a frota utilizada no transporte de carvão de Inglaterra para a C.P. e para carregar nitratos em diversos portos do Chile, via Canal do Panamá.

No tráfego Portugal – Inglaterra - Portugal, era feito o transporte de toros de pinho, na ida, e de carvão e sulfato de amónio, no regresso.

Durante anos, até à 2ª Guerra mundial, foi explorada a carreira Norte da Europa – Portugal, que começava em Hamburgo escalando Anvers. Era esta carreira bem servida por navios de porte médio que transportavam na ida, resíduos de pirites para Gand, Rouen, Havre e La Pallice e toros de pinho para Inglaterra e, na volta, carga geral de Hamburgo e Anvers para Leixões e Lisboa.

Por volta de 1930, a CUF, fretou à S.G. alguns navios para transportar “torteaux”, com destino a diversos portos da Dinamarca, no regresso estes navios entravam na carreira Norte da Europa – Portugal, transportando carvão e sulfato de amónio de Inglaterra para Lisboa ou Porto.

Em Abril de 1933 iniciou a S.G. a titulo experimental a tráfego nacional entre Lisboa – S. Tomé – Portos de Angola – S. Tomé – Lisboa, com carga diversa. Pouco depois passou também a ser escalonado nas mesmas condições o porto de Bissau e por vezes Funchal e os Portos da Ilhas de Cabo Verde.

Com o advento da 2ª Guerra mundial, a escassez de tonelagem mercantil em todo o mundo abriu outros mercados, nomeadamente o da “cortiça”.

Os navios da S.G., sobretudo os de grande tonelagem, começaram, num ritmo exaustivo, a transportar para vários portos da América do Norte cortiça, carregando na volta, por vezes com escala nas Ilhas Adjacentes, carvão, trigo e carga geral.

Entretanto as nossas Províncias Ultramarinas começavam a ter que exportar enormes quantidades de produtos agrícolas e florestais.

Os navios da S.G. que, até então, faziam a carreira de Angola com certa irregularidade, aumentaram desse modo consideravelmente as suas viagens para aquelas províncias, passando a andar constantemente ocupados, pelo que, no fim da guerra, teve de recorrer-se ao fretamento do navio sueco “SAREC”.

Após tantos anos de trabalho exaustivo dos navios a vapor, começou a surgir a necessidade da renovação da frota pelo que foi resolvida a supressão progressiva dos navios a carvão, cuja exploração se ia tornando cada vez mais onerosa, e a sua substituição por navios a motor.

Dentro desta linha de rumo e dando ainda, posteriormente, cumprimento ao despacho nº100, de 10 de Agosto de 1945, do então Ministro da Marinha, Almirante Américo Thomaz, despacho que estabeleceu as normas de reorganização da Marinha Mercante Portuguesa e definiu o número e as características dos novos navios a construir para a frota de comércio nacional, a Sociedade Geral mandou construir em Inglaterra (Sunderland) 10 navios a motor, sendo 6 da classe A: “Ambrizete” e “Andulo” de 9245 ton. e, o “Alcobaça”, “Alenquer”, “Almeirim” e o “Arraiolos” de 9588 ton. E 4 navios da classe B: o “Braga” e o “Bragança” de 7224 ton., “Belas” e o “Borba” de 7259 ton. Todos eles entraram ao serviço entre 1948 e 1949.

Por outro lado e ainda nestes anos, por encomenda feita, foram entregues em Quebec (Canadá), 4 navios com cerca de 1.300 toneladas, ficando conhecidos por navios da classe C: o “Colares”, “Cartaxo”, “Coruche” e o “Covilhã”

Se acrescentarmos a isto, a apropriação de mais dois navios de carga de cerca de 3000 toneladas, sendo um deles o “Pinhel” de 3665 ton, e ainda 2 rebocadores de alto mar, o “Praia da Adraga” e o “Praia Grande”, ficou sendo a Sociedade Geral o armador nacional que mais navios mandou construir, dentro do plano de renovação da frota mercante.

A partir de 1949 e com autorização especial da Junta Nacional da Marinha Mercante, todos os navios de maior porte, passaram a fazer viagens a Angola, escalonando também nos portos de S. Tomé e Príncipe e os de Cabo Verde. Depois de 1950, a carreira de Angola passou a ser feita com regularidade, com saídas de 50 em 50 dias aproximadamente, cumprindo dois itinerários.

Em 1951 foi dada á S.G. a exclusividade de exploração da carreira Guiné – Lisboa, com escala por Leixões, Funchal e Cabo Verde.

Em 10 de Dezembro de 1954, foi inaugurada a carreira Norte da Europa – Lisboa – Matadi – Portos de Angola na qual passaram a ser utilizados navios da classe B.

Embora os navios da classe C já andassem há muito no tráfego Anvers – Lisboa, com escala por alguns dos portos do Norte da Europa, Inglaterra etc, só em 1955 a carreira Anvers – Porto – Lisboa, passou a ser regular com saídas de Anvers a 15 e 30 de cada mês.

Mais tarde em 1959, passou esta carreira a fazer-se de 10 em 10 dias, não se efectuando uma das viagens quando a mesma coincidisse com a saída de um navio da carreira NEMA.

No ano de 1964, a S.G. correspondendo a uma necessidade vital da Pesca, no abastecimento do mercado nacional, pelo facto dos navios pesqueiros serem obrigados a

deslocarem-se para zona longínquas, implicando consequentemente uma forma e um processo de refrigeração e transporte em câmaras frigorificas do pescado, irá participar na fundação de uma nova empresa a TRANSFRIO – Sociedade Marítima de Transportes Frigoríficos

Em 1966 a S.G. era possuidora de uma Frota Principal constituída por 26 unidades, num total de 142.333 toneladas, que durante esse ano fez trezentas e setenta e cinco viagens, tendo percorrido 1.127.579 milhas, transportando 13.824 passageiros e 907.969 toneladas de carga. Adquire a S.G. o paquete Amélia de Mello, unidade de 10.195 ton. e capacidade para 323 passageiros destinado á Carreira de Angola. Foi vendido o “Colares” á empresa TRANSFRIO, para ser transformado em navio frigorífico. O “Conceição Maria” após um acidente perto da costa alemã encontra-se imobilizado. Será ainda a partir deste ano que a S.G. passa a prestar assistência técnica à TRANSFRIO encarregando-se da futura exploração do navio frigorifico com o mesmo nome da empresa.

Em 1967 a frota da S.G. recebeu 2 novos rebocadores construídos pela Lisnave, possuindo 1200 cavalos de força, foram lhes dados os nomes de “Zarro” e “Vira”, destinados a substituir o “S. Christovão” e o “África” sendo estes vendidos, assim como o “Conceição Maria”, que foi vendido para demolição devido ao seu estado, e o “Silva Gouveia” devido a sua idade foi também vendido a uma empresa angolana. Neste ano transportou-se 935.126 ton. de carga e 15.115 passageiros. A empresa participa junto com outros armadores na constituição da TRANSNAVI – Sociedade Portuguesa de Navios Cisternas, empresa criada para o transporte de vinhos a granel entre a Metrópole e o Ultramar.

Em 1968, os rebocadores “África”, “S. Christovão” e “Estoril” foram vendidos para abate. Foram vendidas as lanchas “Odrinhas” e “Odeleite”, cuja exploração se revelavam antieconómicas. Irá ainda participar na constituição de mais uma nova empresa a SONATRA – Sociedade Nacional de Tráfego, onde participa com outras companhias, para uma maior coordenação nos serviços de movimentação de cargas no Porto de Lisboa.

Em 1969, a S.G. adquire o “Cabinda” navio de 6500 ton. para uso no tráfego de madeiras importadas da metrópole, tendo sido ainda adquirido um navio de carga de 16.000 ton. ao qual lhe foi dado o nome de “Cuene”

Em 1970 a frota da S.G. era composta por 24 navios, o “Costeiro Terceiro” foi vendido a um armador nacional, também o rebocador “Praia Grande” foi vendido para o estrangeiro.

Em 1972, a S.G. deixa definitivamente o ramo da navegação, pois a sua frota une-se com a da Companhia Nacional de Navegação, adquirida pelo Grupo CUF em 1956. A partir desde momento a S.G. existe apenas como empresa gestora das suas participações quer em empresas do grupo CUF (casos da Lisnave, E.N.I., Frinil, Teledata, Promarinha, FIDES, Empresa Silva Gouveia etc) ou ainda empresas nacionais onde detinha carteiras de acções (caso da TAP, onde desde a sua fundação dispunha de uma carteira de 4000 mil acções) Pouco tempo antes do 25 de Abril de 1974, o Grupo CUF tinha grandes planos para a S.G. na área das actividades de assistência (Seguros).
Texto de Ricardo Ferreira

3 comentários:

Anónimo disse...

Força ;)

JJS disse...

Obrigado Pantera !!!

Anónimo disse...

Epah.. textos grandes e sem paragrafos.. é castigo eheheh.